21/02/2008

Rafiting em Cuzco 24/01


De manhã a agência veio nos buscar para o Rafting. O clima no ônibus estava bem festivo e bacana, com um pessoal bem diferente dos velhinhos do city tour. Após 1h de micro-ônibus, finalmente chegamos ao acampamento, onde vestimos roupas ridículas de “aqualouco” e pegamos o resto dos equipamentos. Após uma breve explicação bilíngüe (inglês e espanhol) fomos separados em grupos para entrarmos em nosso bote. O Afonso e eu fomos em um barco com uns israelenses muito legais e empolgados, mas que falavam um inglês para lá de esquisito.
Todos prontos, começamos a descer o rio remando. Eu, que já tinha feito Rafting no Brasil, morri de medo do percurso, que ia do nível 3 até 4,5! Muitas rochas para bater e instabilidade no barco, fazendo o rio de Brotas parecer uma verdadeira piscina. Tive muita dificuldade em remar, sobretudo por causa do frio. No caminho, muita cantoria e bagunça, e no fim fiquei feliz em voltar para o acampamento para comer e vestir roupas quentes.
Novamente no hotel, senti dores no corpo pelo esforço físico do dia, enquanto o Afonso parecia ter tido um dia como qualquer outro. Dormimos cedo para levantarmos às 3h da manhã para partirmos para Águas Calientes.




Conhecendo as redondezas de Cuzco 21,21 e 23 de 01


Fomos até a agência Pumas Track, onde compramos dois pacotes com os quais conheceríamos as ruínas e igrejas de Cuzco. No primeiro dia fizemos um City Tour, e conhecemos duas catedrais e algumas ruínas da região (como Sacsayhuamán e Tambomachay).
Sem dúvida, Cuzco é um patrimônio cultural em tanto. Todas as igrejas cristãs foram construídas sobre templos incas, com o objetivo de abençoar os lugares “profanos”. Numas das catedrais, por exemplo, nos chamou a atenção um quadro da Santa Ceia no qual Judas fora representado com a pele muito mais escura que os demais apóstolos. A guia nos explicou que Judas era representado daquela maneira porque representava um indígena...
Depois do city tour, à noite, eu e o Afonso fomos a uma Salsa. Não dançamos (imagine só, o Afonso dançando salsa!), mas acho que consigo convencê-lo ate o fim da viajem.
No dia seguinte nos distanciamos do centro da cidade para conhecer o Vale Sagrado dos Incas, com outros templos e ruínas antigas. Choveu muito durante o passeio, e preferi ficar no ônibus até esperar que a chuva passasse. Acho que o Vale Sagrado foi o lugar mais marcante para o Afonso.
No dia seguinte, muito tumulto e protestos na Praça das Armas, com direito a bombas e linchamento de um boneco que representava o Mister Bush. No início ficamos com receio de caminhar por lá, mas logo percebemos que era uma manifestação pacífica, formada por estudantes, sindicatos e até mesmo crianças. Só depois fomos descobrir que os protestos eram contra a privatização de Machu Picchu e das demais ruínas incas, o que eu e o Afonso achamos um verdadeiro absurdo. Imagine só, vender patrimônios culturais da humanidade e do povo local para empresas estrangeiras! Talvez no futuro seja ainda mais caro conhecer o Peru.
Após almoçarmos no meio da bagunça, fomos até a estação de trem para comprar as passagens até Águas Calientes, última cidade antes de Machu Picchu. Infelizmente não havia mais assentos na classe econômica, e eu e o Afonso teríamos de pagar cada um 140 dólares só para ir e voltar de lá! Desistimos e resolvemos comprar um pacote na Pumas Track para Machu Picchu. Por 170 dólares ele incluiu ônibus até Ollantaytambo, passagem de trem Ollantaytambo – Machu Picchu, hotel em Águas Calietes, a entrada no parque e a nossa guia. Muito melhor e econômico desta maneira.
Compramos o pacote para sexta-feira, o que nos deu mais um dia de estadia em Cuzco, que seria utilizado para fazer um Rafting no rio Urubamba, que corta o Vale Sagrado dos Incas.
Terminamos o dia assistindo a um filme num bar tomando bailey’s com chocolate, e depois fomos a um happy hour onde o Afonso experimentou todos os possíveis drinks de Pisco que existem no planeta.

 Sim, a viagem de trem a Machu Picchu é bela, mas não justifica o valor das passagens (70 dólares a classe econômica).






Cuzco 20/01


Acordamos tarde e a primeira coisa que fizemos foi caminhar até a praça de armas, centro turístico de Cuzco. Almoçamos em um lugar excelente com pratos vegetarianos por um preço bem bacana. Uma verdade, aliás, é que em todo nosso trajeto encontramos lugares com opções vegetarianas.
Após o almoço fomos direto para um café, lugar que mais gostamos de freqüentar em Campinas (quando não estamos no bar). Para nossa surpresa, Cuzco é repleta de bons cafés, e o expresso de lá não perde muito para o nosso. Como estávamos ainda muito cansados da viagem do dia anterior, e o Afonso ainda precisava melhorar do resfriado, deixamos esse dia para conhecer a cidade e descansar.
A cidade é belíssima e muito bem policiada. Uma das características do Peru é que no país existe uma policia turística, que torna os passeios muito seguros. Em Cuzco existem muitas lojas de artesanato também, muito mais caras que na Bolívia. Arrependi-me muito de não ter comprado mais coisas enquanto estava em La Paz.
Depois do entardecer voltamos ao hotel e pegamos no sono. No dia seguinte começaríamos a conhecer as ruínas incas, e depois Machu Picchu.


 Não tem jeito, em Cuzco, o melhor lugar para ficar mesmo é pertinho da Praça das Armas. A região é encantadora, muito segura e bem cuidada, com tudo o que se precisa por perto.







Copacabana para Cuzco 19/01


Às 9h da amanhã embarcamos em um ônibus turístico para Cuzco. Depois de 2h de viajem chegamos à fronteira da Bolívia com Peru, onde descemos do ônibus para passar pela imigração. O Afonso teve dificuldades na alfândega por conta de seu formulário, e teve que preencher um novo e pegar fila novamente. Trocamos alguns dólares numa casa de câmbio segura e subimos para o ônibus novamente.
Chegando a Puno, já no Peru, tivemos uma hora de almoço. Depois trocamos de ônibus: dessa vez, um ônibus muito ruim, muito abafado e com muitas pessoas viajando no corredor. No meio do caminho o pneu do ônibus furou, e ficamos esperando por mais de uma hora de baixo de um sol escaldante. Quando anoiteceu, o Afonso começou a ficar com febre e teve um forte ataque de rinite, também por conta do frio que pegamos na Ilha do Sol.
Muita lentidão, mau humor e ônibus barulhento, o que fez com que não conseguíssemos pregar os olhos durante toda a viajem. Após 12h dentro do ônibus, e já tarde da noite, finalmente conseguimos chegar à rodoviária de Cuzco. Ainda não tínhamos a menor idéia de onde ficar, e não sabíamos para onde ir naquela cidade. Foi quando uma peruana muito simpática nos abordou com uma proposta de hotel. Como estávamos muito cansados, acabamos topando entrar no carro dela, pois nos parecia muito confiável, e um policial turístico que estava na rodoviária nos acompanhou enquanto falávamos com ela.
No fim nos demos muito bem, pois o hotel ficava no melhor bairro da cidade, e toda sua decoração era no estilo colonial inglês, imitando um pequeno castelinho. Por 12 dólares cada um, conseguimos um quarto muito confortável e charmoso, e nos demos ao luxo de dormir até ao meio-dia do dia seguinte.

 A rodoviária de Cuzco é confusa, escura e muito pequena. Cuidado com as mochilas!
Não faça a besteira de chegar à noite numa cidade enorme como Cuzco e não ter hotel reservado (como eu e o Afonso fizemos). Melhor reservar um antes para saber para onde ir.
 Nunca tente ir para o Peru pegando um ônibus coletivo na Bolívia, a viagem deve demorar o dobro e ser mais perigosa (não há asfalto em mais da metade do trajeto). Melhor ir com um ônibus turístico (só 13 dólares), mais seguro e tranqüilo.

2º Dia em Isla del Sol 18/01


Acordamos cedo e logo tivemos que fazer checkout no hotel. Felizmente nos deixaram guardar nossas mochilas em um depósito enquanto conhecíamos a ilha. A idéia era caminharmos ate às 3h da tarde, o que nos daria tempo suficiente para buscarmos as mochilas e pegarmos o barco até Copacabana, pois sábado de manhã partiríamos para Cuzco (Peru).
Pegamos uma trilha Inca e fomos seguindo contornando a ilha para o norte. As paisagens eram tão lindas e o dia estava tão claro que nem pensávamos em retornar: era tão bom estar longe do mundo que conhecíamos, que não queríamos ir embora. O vento estava gelado e o ar difícil de se respirar: tivemos que ir bem agasalhados e sempre caminhando depressa. Depois de mais ou menos 4 horas de caminhada difícil, finalmente chegamos até a ponta norte da ilha, e percebemos que não conseguiríamos voltar a tempo para pegar o barco coletivo até Copacabana. E já tínhamos as passagens para Cuzco!
Imediatamente mudamos de trilha e começamos a descer procurando algum vilarejo na beira da praia que tivesse um barco para nos levar até o sul da ilha, onde nossas bagagens estavam guardadas. O problema é que as imagens iam ficando cada vez mais bonitas e exóticas a cada passo. Tínhamos agora encontrado a zona rural da ilha, e a paisagem era uma mistura de plantações, animais, longos caminhos de pedra e pequenos casebres, com o mar azul ao fundo. Após mais uma hora de caminhada chegamos a pequeno vilarejo, onde dividimos um barquinho com mais duas argentinas até o sul. Chegando lá, o Afonso subiu correndo as escadarias atrás das mochilas e conseguimos que o mesmo barqueiro nos levasse até Copacabana. Por sorte uma família muito simpática de bolivianos dividiu o transporte com a gente, pois, não fosse isso, a viagem teria ficado muito cara só para nos dois.
O barco mal andava, e começou a escurecer. Após andar uns 12 km em uma altitude de 4.000 metros, a única coisa que pensávamos era em um prato de sopa quente, um chuveiro e uma cama.
Chegamos a Copacabana à noite, e entramos no primeiro hotel que vimos pela frente. Comemos bem e fomos direto para a cama, pois no dia seguinte a viajem seria muito cansativa.

 Para chegar e sair da Isla del Sol só existe um barco coletivo em dois horários distintos: um a 1h da tarde e o outro às 4h. Se perder o último barco e tiver que sair da ilha, você deverá contratar um privado, o triplo do preço.









Copacabana, Titicaca e Isla del Sol 18/01


Após tomarmos um café da manhã regado a chá de coca, pegamos um ônibus turístico para Copacabana. O dia estava frio e o céu encoberto, mas não nos impediu de apreciar a bela vista composta por picos nevados, muito verde e ovelhas pastando no horizonte.
Chegamos a Copacabana e fomos direto ao escritório local da agência turística do hostal Copacabana, onde ficamos em La Paz, que até então nos ofereceu serviços impecáveis. Compramos o ticket de embarque para o barco que vai até a Isla del Sol (10 bolivianos=1 dólar e 50 cents.), para o mesmo dia, e as passagens de ônibus para Cuzco (Peru), para o sábado (100 bol= 13 dólares).
A viajem de barco até a ilha é cansativa, porém bela (cerca de 2h). O Titicaca, apesar de não passar de um lago, é imenso e responsável pela subsistência dos nativos. Quase todos os peixes consumidos na Bolívia provêm de lá.
Ao chegarmos à ilha... Que coisa mais bela! O único sufoco (e bem grande) é subir as intermináveis escadarias incas que vão até o topo. Minha sorte (e do Afonso também) foi um menino local que apareceu e se ofereceu para nos levar a um hotel e carregar minha mochila. No inicio fiquei sem graça e recusei: olhava para aquele menino tão novinho e magrelo e achei um abuso dar minhas mochilas pra ele. Quando percebi que seria fisicamente impossível chegar ao topo com o peso – considerando que estávamos a quase 4.000 metros de altitude e que sou fumante – deixei o menino carregá-la por uma gorjeta muito generosa.
Escolhemos um hotel no topo da ilha, por 10 dólares a diária: bem aconchegante, com um quarto muito confortável e uma bela vista para o lago. Passamos a tarde toda olhando para o horizonte enquanto o Afonso tirava ótimas fotos. Quando anoiteceu, fomos a um restaurante rústico com pratos muito bons e tomamos um bom vinho.
A ilha não é iluminada em suas trilhas, e tivemos que nos guiar com uma lanterna. É possível ver todas as estrelas nitidamente: acho que nunca tinha visto um céu como aquele no Brasil. O Afonso e eu ficamos conversando sobre as razões que levaram as comunidades indígenas antigas a serem tão fascinadas por astronomia – quando cai a noite, não há nada que se possa ver além das estrelas e da lua.

 Para Isla del Sol, nunca faça a besteira de comprar um pacote para conhece-la em meio dia, pois deixará de conhecer tudo que existe de mais bonito nela. Melhor dormir uma noite e no dia seguinte ter o dia todo para explorá-la: foi um dos melhores pontos de nossa viajem.
 Não há muito o que se conhecer em Copacabana: a praia é feia e poluída. Melhor mesmo é conhecer as ilhas que há nos arredores.





Dia de chegada: La Paz 14/01


Depois de cansativas 8 horas de viajem, com direito a uma conexão em Lima, finalmente chegamos a La Paz. O Hostal Copacabana é bom e com banheiro privativo, e localiza-se num bairro cuja principal característica é o denso comércio nas ruas.
As Cholas praticamente dominam a paisagem, e nos pareceram um pouco avessas aos forasteiros. O trânsito é barulhento e confuso, e o Afonso e eu tivemos dificuldade para atravessarmos as ruas. Ao lado de nosso hotel há um Hard Rock Café, onde pudemos beber e comer muito bem por preços excelentes (cerca de 10 dólares uma boa refeição com Chopp – caro para os padrões bolivianos, mas nada muito diferente do que encontramos nas grandes cidades brasileiras). Há também uma loja excelente de marcas esportivas, chamada Fair Play, onde nós compramos jaquetas de frio que nos foram muito úteis até o final da viajem.
Na primeira noite quase não senti os efeitos da altitude, embora o Afonso tenha tido um pouco de falta de ar. Na segunda noite, porém, acordei na madrugada com fortes dores de cabeça e enjôo. Por um instante pensamos em pedir ajuda, pois a dor estava tão forte que mal conseguia escutar ou abrir os olhos. Depois de vomitar muito, finalmente consegui dormir um pouco.
Na manhã seguinte acordei um pouco melhor e fomos com uma excursão conhecer o Tiwanaku, um parque arqueológico nas redondezas de Laz Paz que guarda as ruínas de uma das primeiras civilizações da América Latina. Não achei o passeio grande coisa (já o Afonso gostou mais). Na verdade, o que mais vale o passeio é a viajem até o altiplano, com uma vista bem desolada e bucólica, com os picos nevados da Cordilheira dos Andes ao fundo.
Após conhecermos Tiwanaku fomos andar à noite na principal avenida da cidade, onde se concentram cafés, restaurantes, cinemas e sorveterias. Jantamos em um restaurante mediano, decorado com fotos de atores americanos de Hollywood, e depois fomos comer a sobremesa em um lugar chamado Dumbo (o elefantinho da Disney), com doces muito gostosos.
Depois de comermos bem voltamos ao hotel para dormir, pois sairíamos para Copacabana bem cedo no dia seguinte.

 O Hostal Copacabana é bom e barato (8 dólares por pessoa, com quarto com banheiro privativo, água quente e um bom café da manhã). Dentro dele há uma casa de câmbio confiável e uma agência turística que oferece serviços impecáveis, o que nos poupou o trabalho de ter que procurar por esses serviços. Além disso, é um ótimo local para se encontrar outros mochileiros.
Maiores informações: http://www.hostalcopacabana.com/

 O táxi é MUITO barato, por menos de 3 reais você pode chegar a qualquer ponto da cidade. Se sair a noite, vá de táxi sempre. É mais seguro.

 Não compre roupas de frio no Brasil para esta viajem! Em La Paz, perto do Hostal Copacabana, há uma excelente loja de roupas esportivas de marca (como Nike e Adidas – tudo original!)por preços ótimos! Um terço dos preços do Brasil. A loja chama-se Fair Play.

Também próximo ao Hostal fica a Calle de las Brujas: um quarteirão repleto de artesanato e artigos místicos, como fetos de lhama e animais empalhados. Vale muito a visita!